Memória: (dezembro 2012)
Tese de mestrado debate Travestilidade e Educação
“A escola é um espaço de extrema importância, é um local de construção, deveria ser um espaço de compreensão”, destaca Adriana
Apesar dos avanços na luta em defesa dos direitos humanos e dos investimentos para garantir educação com qualidade social em Mato Grosso, ainda é necessária a discussão com os profissionais da educação sobre o assunto.
Também há necessidade de implementação de currículos que abarquem o debate sobre a diversidade de gêneros possibilitando a construção de novos significados sobre a temática.
As medidas são ponderadas pela professora Adriana Salles, que atua junto a Superintendência de Formação Profissional da Secretaria de Estado de Educação (Seduc/MT), e são tidas como instrumentos de mudança de um cruel cenário: o tempo de permanência de travestis no ambiente escolar, limita-se a média de quatro anos. “A escola é um espaço de extrema importância, é um local de construção, deveria ser um espaço de compreensão”, destaca Adriana.
O exemplo de Adriana confirma esse cenário.
Ela é a segunda travesti no país a defender uma tese de mestrado, desenvolvida ao longo de quase dois anos, ‘Travestilidade e Educação’.
O trabalho detalha a relação com o ambiente escolar de três alunas travestis da capital.
“O trabalho foi projetado na perspectiva das discussões já feitas há tempos pela própria Secretaria e corrobora com as orientações curriculares do Estado no que tange as diversidades educacionais, diversidades de gênero e sexualidades”, conta.
A pesquisadora confirma que durante as visitas constatou que o preconceito ainda é latente.
“O que percebemos é que as práticas docentes ainda não contemplam as discussões e pouco é trabalhado quanto a violência de gêneros. Não existe, sequer, o respeito pelo uso do nome social, uma garantia conquistada há anos. A Secretaria de Educação orienta quanto ao uso, ao respeito, mas não ainda não há uma garantia”, explica Adriana.
A superintendente de Diversidades Educacionais, Débora Pedrotti, pontua que Mato Grosso vem trabalhando continuamente para a implementação das Orientações Curriculares o que potencializa a mudança de conceitos e o trabalho nos ambientes escolares. Quanto ao recorte apresentado pela pesquisa da professora Adriana Salles, ela pontua que o trabalho é de grande valia porque é uma ação inédita e serve como parâmetro para intervenções.
“Os apontamentos feitos denotam que a escola é o retrato da sociedade, e é reprodutora da vigência social. A Seduc já discute diversidades, mas sabemos que a transformação acontece em cada indivíduo e por isso a formação dos profissionais é tão necessária. Quando se conseguir realizar uma discussão mais curricular, o processo acontece naturalmente”.
Ela ainda pondera que há anos, a Seduc já desenvolve um sério trabalho para o enfrentamento às práticas de homofobia e vem participando de debates em cenário nacional, assim como vem atuando no desenvolvimento de um Plano Estadual de Educação em Direitos Humanos. “Queremos, de fato, a inclusão de todos e todas”, finaliza.
Fonte: SECOM/MT