O que uma exuberante gargalhada contém?
A ciência quis saber. Nessa empreitada, primeiro percebeu e depois comprovou que o riso não só transmite alegria de pessoa para pessoa como também melhora a saúde delas.
O mais recente estudo aconteceu na Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos.
Os pesquisadores verificaram que a ativação de uma determinada região do cérebro associada a emoções negativas enfraquece a imunidade dos pacientes.
Quem é mais triste apresenta uma atividade maior na parte frontal direita do córtex cerebral.
Isso mexe com os neurotransmissores, as substâncias produzidas e liberadas ali, e reduz a produção de células de defesa do organismo.
Em contrapartida, pessoas que tendem a olhar o lado positivo das coisas, nas quais o lado esquerdo do cérebro fica mais ativado, apresentam uma melhora na capacidade imunológica.
O bom humor é, então, uma forma descontraída de prevenir gripes e resfriados.
E ainda um fortificante quando se fala em aids, câncer e problemas de coração.
Um levantamento da Universidade de Maryland, também nos EUA, descobriu que sorrir influencia o músculo cardíaco: segundo o estudo, enfartados apresentam 40% menos tendência a rir do que homens saudáveis da mesma idade.
Em outra pesquisa, desta vez no Brasil, realizada no Instituto Nacional do Câncer, a enfermeira Maria Helena Amorim, atual professora da Universidade Federal do Espírito Santo, constatou que mulheres com câncer de mama que enfrentam a doença com otimismo produzem mais de uma substância positiva no próprio sangue: há aumento de células natural killers, um tipo capaz de eliminar células tumorais.
“Os exames de sangue comprovam que, no grupo de mulheres que receberam ajuda de terapeutas para relaxar e enfrentar a doença com otimismo, o índice dessas células poderosas chegou a 19%”, informa a pesquisadora. Entre as mulheres que não receberam essa ajuda, o índice ficou em 8,5%.
“Em pacientes soropositivos e com câncer, a falta de esperança é um obstáculo sério ao tratamento. Costumo dizer que é como tentar empurrar um carro brecado: não funciona.
O otimismo, por outro lado, faz tolerar melhor os medicamentos e os efeitos colaterais”, observa o infectologista Arthur Timmerman, de São Paulo.
Hábitos que ativam o otimismo: três atitudes ajudam a ampliar a cota de bom humor
- 1. Dormir bem. A privação do sono eleva a agressividade.
- 2. Atividade física. Estimula a liberação de endorfinas, um tipo de neurotransmissor associado ao bem-estar. “Pode ser natação, ioga, caminhada. Só não vale ser algo competitivo, que estresse ainda mais”, sugere a psiquiatra Alexandrina Meleiro.
- 3. Alimentação rica em fibras e nutrientes. “Quem está com o intestino preso fica intoxicado e de mau humor”, frisa Célia Mara Melo Garcia, nutricionista e iridóloga, de São Paulo. Além disso, os alimentos certos servem de matéria-prima para a produção de parte da serotonina fundamental na química do bom humor. Entre eles estão:
- Soja – Uma pesquisa recente provou que o grão contém moléculas que participam da formação da serotonina, substância responsável pela sensação de bem-estar.
- Carnes magras, peixes, nozes e leguminosas – Fontes de triptofano, facilitador da produção de serotonina, neurotransmissor do bem-estar.
- Banana e castanha-do-pará – Contêm vitamina B6, que colabora para o bem-estar.
- Manga – Alimentos amarelos, como essa fruta, são ricos em magnésio, outro mineral envolvido na regulação da serotonina, relaxante produzido pelo cérebro.
- Leite e iogurte desnatados e queijos magros – Ricos em cálcio, fundamental para a liberação de neurotransmissores, como a serotonina.
Motivos para sorrir – para cultivar seu senso de humor
- Liste as coisas de que você mais gosta e considere seriamente a possibilidade de colocá-las em prática.
- Lembre do que você fazia com prazer na infância. O que o fazia ficar horas absorto? Ler, olhar as estrelas, assistir um jogo…
- Perceba as atividades divertidas que pratica durante o dia. Jantar fora com um amigo, fazer amor, brincar com o cachorro, cozinhar. Observe como a alegria custa pouco.
- Tudo tem sua parte divertida e outra nem tanto. Só não deixe o que é divertido ficar escondido.
- Brincar é tão natural quanto respirar, sentir, pensar. Autorize-se.
- Tente caminhar por um quarteirão observando quantos sorrisos encontra pela frente. Depois, faça o mesmo percurso sorrindo e comprove que rir é contagioso.
Dra Silvia Helena Cardoso – Neurocientista