Súbita e sorrateira, ela surge quando menos se espera. Na calada da noite, embaixo dos lençóis. No domingo ensolarado, dentro da piscina do clube. Ou no futebol de terça, depois daquele pique pela direita.
Quem já teve sabe… É uma dor paralisante, que pode durar de alguns segundos a vários minutos. Basta uma leve flexão do pé para baixo e… ai! A batata da perna contrai-se parecendo dar um nó.
Condicionamento
A cãibra geralmente se manifesta na prática de uma atividade física, sobretudo se o esportista estiver, digamos, pouco condicionado — ou mal alimentado.
Sim, quando os músculos carecem de condições adequadas para realizar um esforço diferente do habitual, é espasmo na certa.
Quem exagera no tempo ou na intensidade do exercício pode sofrer cãibras por falta de vitaminas e sais minerais, o que leva à fadiga muscular.
A escassez de oxigênio na circulação também contribui para esse cansaço extremo dos músculos.
Quem um dia precisou ser socorrido devido a uma baita repuxada da musculatura já deve ter ouvido falar sobre um tal de ácido lático sem saber que substância é essa.
Trata-se de uma espécie de lixo orgânico que se acumula nos tecidos musculares quando as células usam a glicose para obter energia.
Isso permite ao músculo continuar o esforço sem necessidade de recorrer ao oxigênio proveniente dos pulmões.
Ácido Lático
Mas o excesso de ácido lático deflagra encrencas. É como se a musculatura ficasse sem ar e com menos espaço para se mover. E isso gera fadiga. Por isso a respiração correta é tão importante durante o exercício.
O suor da atividade física é mais um fator que ajuda no desencadeamento de cãibras.
A perda excessiva de sódio pode levar à contração muscular.
Mas o excesso de exercício, sozinho, não é suficiente para explicar o aparecimento dessas contrações famigeradas. No meio esportivo, os especialistas sabem que o xis da questão pode estar no que se bebe — na verdade, no que não se bebe.
Desidratação
A desidratação é decisiva para a ocorrência do problema.
E as cãibras noturnas?
Quem faz muito esforço físico durante o dia pode ter contrações à noite.
E quem não faz também — mas, nesse caso, a falta de sódio é o fator crucial.
O suor e a urina em excesso podem provocar a perda desse mineral e de outros elementos. E o organismo utiliza o sódio do músculo quando está sem reservas energéticas. Isso gera uma resposta nervosa que leva a um estresse mecânico e às contrações involuntárias.
Doenças que favorecem
A diabete, problemas neurológicos e lesões vasculares podem estar por trás de um simples espasmo muscular.
São doenças capazes de favorecer o problema.
A insuficiência renal e a hemodiálise também contribuem para a redução da concentração de sódio no sangue e muitas vezes levam a problemas musculares, assim como a carência de outros minerais, como cálcio, magnésio e potássio.
Tratamento específico
Não existe um tratamento específico para essas contrações.
O melhor a fazer é se condicionar antes de partir para atividades físicas mais exigentes, comer e beber o suficiente para suportar a carga extra do exercício e procurar respirar profunda e coordenadamente durante os treinos.
Quem sua mais de uma hora por dia também precisa repor nutrientes. Nessa situação, valem géis de carboidrato e líquidos isotônicos, além de água.
Você já deve ter visto a cena em uma partida de futebol: o jogador faz alongamento no companheiro com cãibra.
Pois saiba que esse procedimento pode provocar lesões mais sérias do que a contração.
Na hora da dor, a tática mais certeira é respirar fundo, relaxar e massagear gentilmente o músculo repuxado, com movimentos sempre circulares.
Conforme a sensação dolorosa for cedendo, aí, sim, já dá para descontrair a musculatura com movimentos leves, sem forçar, no sentido inverso ao da contração, sem deixar de respirar e massagear em círculos.
Fonte: Revista Saúde