Doar sangue ainda é um tema que gera muitos questionamentos
Esta matéria vai esclarecer algumas dúvidas e curiosidades para os que já são doadores e para os quem tem vontade de doar, mas ainda não estão certos do ato.
Doar sangue não faz mal, é um gesto de solidariedade e pode salvar vidas.
Para doar sangue é necessário
- ter boa saúde,
- idade entre 16 e 67 anos,
- peso acima de 50 kg, e
- portar documento oficial com foto, válido em todo território nacional.
Apesar das constantes campanhas de mobilização do Ministério da Saúde e dos Hemocentros, em alguns períodos do ano como dezembro, janeiro e julho, falta sangue nos bancos.
E é, infelizmente, nesse período que os hospitais mais precisam, devido ao grande número de acidentes que ocorrem nas estradas movimentadas.
Entre janeiro e outubro de 2012 foram coletadas quase três bilhões de bolsas de sangue em todo país.
O número parece alto, mas se torna baixo comparado à quantidade de pessoas que precisam de transfusão diariamente.
Além dos acidentados, a substância é necessária para pacientes com câncer, leucemia, cirurgias cardíacas, ortopédicas, pacientes falciformes, doença renal e outras.
No hemocentro, antes da coleta, o doador passa por um teste para saber se tem sangue suficiente para doar e não ficar anêmico.
O peso e a pressão arterial também são avaliadas e uma entrevista é realizada para saber sobre o estilo de vida da pessoa.
Sendo aprovado, segue para doação enquanto amostras de sangue são coletadas para exames de diversas doenças como AIDS, Sífilis, Doença de Chagas, Hepatites, HTLV I e II (utilizado para diagnosticar doenças graves neurológicas, degenerativas e hematológicas, como a leucemia e o linfoma), além de tipagem sanguínea.
Uma inovação nos testes sorológicos é a implantação do teste dos ácidos nucleicos – NAT para HIV e Hepatite C.
Os exames seguem em paralelo ao processamento do sangue doado.
Após a análise e a apresentação dos testes sorológicos como negativos, o sangue é liberado para transfusão.
Priscila Murador, consultora em hemoterapia do Ministério da Saúde, conta que após o carnaval aumenta o índice de doação de sangue.
Mas o que parece ser positivo pode ser bem perigoso.
Muitas pessoas vão doar sangue para saber se pegaram alguma doença durante as festas.
Isso acontece porque o teste sorológico (HIV) para doação é rigoroso.
“Eles são conhecidos como ‘buscadores de resultados’ e além de já terem colocado a vida deles em risco, podem colocar a vida do receptor em risco.
Se esse sangue cair em uma janela imunológica pode contaminar quem o recebe, pois o sangue contaminado pode ser transfundido em até outras quatro pessoas.
Doar sangue simplesmente para ter os resultados dos exames não é uma boa ideia.
O doador tem que ter esse cuidado e essa conscientização”, alerta.
A janela imunológica é o período entre a contaminação por um determinado agente infeccioso e a detecção nos exames laboratoriais.
Nesse período os exames dão negativos, mas mesmo assim o sangue doado é capaz de transmitir o agente infeccioso aos pacientes que o recebem.
“Ao invés de ir ao hemocentro e doar sangue só para saber se está contaminado com o vírus HIV, vá à rede pública de saúde ou aos laboratórios do Fique Sabendo. Lá o teste é feito de maneira sigilosa, gratuita, fica pronto em 30 minutos e é tão confiável quanto o que é feito nos hemocentros.”, indica Priscila Murador.
O Fique Sabendo é uma mobilização do Ministério de Saúde de incentivo ao teste de aids para conscientizar a população sobre a importância da realização do exame e diminuir cada vez mais o preconceito em relação ao HIV/aids.
“A gente precisa de doação de pessoas saudáveis. A saúde do doador é muito importante também. Ele não pode ser prejudicado. Ás vezes a pessoa quer muito doar, mas tem uma doença que a impede. Faça campanha! Você não pode doar, mas pode sensibilizar outra pessoa para doar”, incentiva a consultora.
Quem NÃO pode doar sangue
Doenças
Quem teve ou tem câncer, inclusive leucemia, não pode doar sangue.
Há exceção para alguns tipos de carcinomas (in situ de cérvix uterina e basocelular) que já foram curados.
Quem teve doenças cardiovasculares, doença de chagas, doença renal crônica, também não pode ser doador.
Se teve você teve hepatite viral após os 11 anos também não pode doar.
Mas caso a doença adquirida antes dos 11 anos tenha sido hepatite “A”, e esteja curada, pode.
Diabetes também impedem a doação de sangue.
Nos casos de hipotireoidismo ou hipertireoidismo, só pode doar se a pessoa tiver com a doença controlada, e o uso de medicamentos não impede a doação.
Quem teve caxumba, conjuntivite e dengue pode doar, mas precisa dar um intervalo entre a cura da doença e a doação.
Medicamentos
Pessoas que tomam remédios para pressão, que agem no sistema nervoso central, ou toma remédio para acne, psoríase, próstata e calvície não podem doar sangue.
Entrevista
Algumas informações não são disponibilizadas inicialmente para as pessoas que querem doar sangue.
No momento da entrevista que antecede a coleta os profissionais do hemocentro fazem alguns questionamentos importantes para definir se é possível ou não o voluntário se tornar doador.
“Essas perguntas não são disponibilizadas para evitar que as pessoas já cheguem com respostas prontas. A gente precisa que ela seja mais sincera e transparente possível. Os profissionais tem treinamento para, durante uma conversa informal e tranquila, identificar sinais positivos e negativos que a pessoa pode dar durante o questionamento. É uma segurança a mais, uma maneira de proteger os receptores”, explica consultora Priscila Murador.
Doador universal
O tipo sanguíneo “O” negativo é considerado o doador universal, porque ele não tem antígenos que causem reação em pessoas com outro tipo de sangue.
“No caso de um paciente que chega ao hospital após sofrer um acidente de carro, um politrauma, que está com grandes faturas e está precisando de sangue, nós não fazemos tipagem e usamos o “O” negativo. Nós respeitamos a tipagem sanguínea de cada paciente receptor, mas no caso de emergência como essas, utilizamos o “O” negativo, inicialmente”, comenta.
Sangue raro
Existe diferença entre sangue raro e sangue com maior ou menor frequência na população.
No Brasil os tipos sanguíneos mais frequentes são “A” positivo e “O” positivo, e o menos frequente “AB” negativo.
“No sangue temos, além da tipagem ABO/RH, várias outras identificações que nos diferenciam das demais pessoas, essa diferença está na presença ou ausência de determinados antígenos.
Ausência de antígenos que são frequentes na população é caracterizado como sangue raro”, explica Priscila.
Pessoas que não tem determinados antígenos tem dificuldade para conseguir transfusão de sangue.
Pensando nisso, o Ministério da Saúde está implantando três grandes centros de congelamento de sangue raro, em Manaus, Rio de Janeiro, Florianópolis.
“A identificação desse sangue é feita através da triagem laboratorial. No momento que é identificado ele será congelado para ficar conservado por mais tempo e enviado aos centros que ficam em localidades estratégicas. Com os centros, ficará mais fácil de rastrear os sangues raros dentro do Brasil, sem precisar pedir para outros países”, explica a consultora em hemoterapia do Ministério da Saúde.
Curiosidade
As datas de 14 de junho, Dia Mundial do Doador de Sangue, e 25 de novembro, Dia Nacional do Doador de Sangue, são os dias em que mais são feitas doações no País.
Fonte: Blog da Saúde