O descolamento de retina ocorre quando a retina se descola da coroide, camada extremamente rica em vasos sanguíneos e nutrientes, que também tem o papel de irrigar a retina.
Quanto mais tempo a retina fica desprendida da coroide, mais desnutrida ela fica.
A retina, então, que tem cor alaranjada e consistência flexível, assume uma cor esbranquiçada e apresenta um aspecto endurecido — explica o oftalmologista Virgilio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.
Nos casos de descolamento da retina, o indivíduo não sente dor, mas a sensação é extremamente desconfortável.
Pode haver a perda parcial ou total da visão – nos casos mais sérios – de um olho ou de ambos.
Outro sintoma é enxergar um flash de luz extremamente intenso e veloz, ou então, passar pela chamada sensação de moscas volantes, como se existissem insetos voando, em seu campo de visão — explica Centurion.
O especialista alerta que, quando o paciente se vê diante destes sintomas, não deve usar nenhum remédio ou colírio.
O mais apropriado é procurar o mais rápido possível um atendimento oftalmológico.
O prognóstico da visão vai depender da velocidade de ação para resolver o quadro clínico.
Quanto maior a demora para diagnosticar e tratar o problema, mais tempo a retina ficará doente, o que poderá levar a danos permanentes na visão — aconselha o médico.
Uma emergência oftalmológica
O descolamento da retina é considerado um caso de emergência oftalmológica, onde não há risco de vida do paciente, mas existe risco de perda da função do órgão.
Assim que o diagnóstico é confirmado, o paciente deve passar por cirurgia — reforça explica Juan Carlos Sanchez Caballero, oftalmologista que também integra o corpo clínico do IMO.
Ainda que realizada no tempo certo, o resultado da cirurgia não depende somente de “colocar a retina no lugar”.
Por mais que a parte anatômica esteja adequada, isso ainda não é uma garantia de que as células vão funcionar como antes, ou seja, que os estímulos serão enviados para o cérebro da forma ideal.
Em alguns casos, pode haver uma perda mínima, quase imperceptível, da visão.
Em outros, o paciente pode passar a enxergar parcialmente, somente luzes, apenas vultos. E dentro do pior cenário, ele pode ser acometido pela cegueira — diz o médico.
Atualmente, casos extremamente complexos de descolamento de retina podem ser tratados graças à evolução da técnica cirúrgica, dos meios diagnósticos e dos equipamentos envolvidos diretamente nos procedimentos cirúrgicos.
Dentre estes, podemos citar o instrumental cirúrgico, ecografias de alta definição, tomografias oculares de última geração e vitreófagos cada vez mais eficientes e seguros — destaca Caballero.
O descolamento de retina pode acontecer com qualquer pessoa, mas são mais suscetíveis ao problema pessoas com altos graus de miopia (mais de dez graus), o chamado alto míope tem a retina frágil e afinada.
Diabéticos também fazem parte do grupo de risco, pois o diabetes é um tipo de microangiopatia, ou seja, altera os pequenos vasos de todos os órgãos, logo, a irrigação da retina também fica comprometida.
Fora desse grupo, o que pode provocar o descolamento de retina são movimentos muito bruscos de chicote, como mergulhar, fazer esportes radicais ou até o impacto de saltar do chão e descer, como num jogo de vôlei.
Todos os atletas que praticam esportes de contato também estão mais expostos ao risco de descolamento de retina — diz Caballero.